A cultura cura. É com essa convicção que o Hospital Espírita de Pelotas (HEP) vai proporcionar ao seu corpo clínico, funcionários e pacientes uma palestra sobre os 400 anos da morte de William Shakespeare - Amor, morte e loucura - nesta quarta-feira (9), às 8h15, como atividade semanal do programa de cultura e inovação que funciona há um ano na casa.

O dono da palavra é uma autoridade no tema: o professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Luis Rubira, organizador do Almanaque do Centenário de Pelotas. De acordo com o médico do HEP, Paulo Sousa, a cultura notoriamente é um método de cura. “É dar um galope cultural na pessoa e ela melhora”, afirma.

As palestras semanais no hospital buscam também melhorar a integração da instituição com a comunidade. A desta quarta-feira, em especial, abordará a relação filosófica no período de Shakespeare, seu surgimento no século 16 e o cenário intelectual da época. Rubira falará sobre o espírito de Hamlet no Hospital Espírita, como ele próprio diz.

Hamlet, a mais conhecida obra de Shakespeare, data de 1601 e uma pesquisadora acredita que ele teria tomado como base o pensador italiano Giordano Bruno para criar o personagem. Bruno foi queimado na fogueira por questionar os dogmas da Igreja. O professor vai discorrer sobre o século da descoberta das Américas e do nascimento de Shakespeare em 1564, na Inglaterra, período de alteração profunda na Igreja, quando o Cristianismo fica um pouco fragilizado.

“Shakespeare nasceu no período intermediário, em um mundo cristão que está entrando em processo de mudança, caminhando para o colapso, e no surgimento do mundo da ciência”, comenta, ao acrescentar que ele fica no meio do declínio da religião e o nascimento da filosofia. Entre outras abordagens, Rubira contar sobre o desenvolvimento deste período e o crescimento do trabalho do maior dramaturgo do mundo.